Latino ter negado assistência depois de sofrer acidente em um ônibus em que viajava a trabalho junto com a banda dele e também pede direitos trabalhistas por cinco anos em que teria trabalhado com o artista. Ele nega, diz que acidente foi forjado e que ela trabalhou como free-lancer para ele por apenas três anos.
Joyce Pinheiro afirma que trabalhou como bailarina e figurinista do corpo de balé de Latino por cinco anos, até que em dezembro de 2013 o ônibus do artista sofreu um acidente enquanto ia para um show e ela sofreu uma queda. No acidente, Joyce teria quebrado os dentes da frente da arcada superior e, posteriormente, perdido todos os dentes da parte de cima da boca.
Em conversa com o EGO após a audiência, Joyce disse que não gostaria que as coisas tivessem chegado ao ponto que chegaram, mas que não houve outra alternativa. "Quando houve o acidente eu caí de boca e senti uma dor muito grande. Sangrou e eu não conseguia nem falar. A produção então decidiu parar o ônibus no meio da rodovia para me deixar lá para que eu buscasse ajuda sozinha dizendo que não poderiam se atrasar porque o Latino estava os esperando para o show que fariam. Os músicos não deixaram e fizeram com que pelo menos o ônibus parasse em um posto de gasolina. De lá, consegui falar com minha assessora, que foi quem me resgatou", lembrou a dançarina. Por causa do acidente, segundo Joyce, ela precisou trocar todos os dentes da arcada superior que ficaram abalados com o impacto.
"Me desesperei, tive medo de nunca mais poder sorrir. Me abalou muito emocionalmente. Mexe com autoestima e no meu caso até com o meu trabalho. Como eu ia trabalhar, dançar, daquele jeito? Fiquei horrível, muito inchada", contou.
Joyce disse que então pediu ajuda a Latino para pagar apenas a entrada do tratamento, mas ele se recusou: "Ele disse que eu deveria correr atrás do seguro contra acidentes de terceiros do ônibus que ele aluga e que não poderia me ajudar porque já estava gastando muito com o casamento dele. Meses depois saiu notícia dizendo que o casamento custou R$ 1 milhão. Me revoltei porque eu não pedi para ele pagar por tudo, eu ia parcelar o restante do tratamento, mas precisava da entrada para poder começar a fazer."
A bailarina conta que conseguiu custear o tratamento odontológico com a ajuda de amigos, mas que acabou se vendo em uma situação financeira delicada, pois ficou meses sem trabalhar enquanto realizava os procedimentos. "O que eu não entendo é que se alguém se machuca, mesmo que seja um estranho, você tem que prestar socorro. Ainda mais se for alguém com quem você conviveu. Mas não. Me deixaram no meio da rodovia às 4h30 depois de sofrer um acidente indo para o trabalho. Depois, ninguém me ligou para saber como eu estava ou se precisava de alguma coisa. No momento em que desci daquele ônibus foi como se nunca tivesse trabalhado para eles", afirmou. Latino se defende
Também em conversa com o EGO, Latino - que compareceu à audiência ao lado se seu advogado, Paulo Márcio Amaral - se defendeu das acusações e alfinetou a ex-bailarina ao deixar o local. "Coincidência ou não, a testemunha dela hoje foi a própria assessora de imprensa (...) A Joyce não conseguiu levar as testemunhas que ela tinha escolhido. Até porque nem as testemunhas querem ser testemunhas de uma fraude dessa, não é?", atacou ele.
O cantor também questionou o pedido de direitos trabalhistas feito por Joyce: "Todo mundo que trabalha para mim é freelancer, aqui a gente trabalha assim, eu tenho um coreógrafo que escolhe as meninas que vão dançar naquela semana. Se, por acaso, elas tiverem algum compromisso, daí elas não precisam vir. Então todo mundo trabalha como freelancer. Assim também é a minha banda." Bailarina pede R$400 mil
Latino afirmou ainda que Joyce trabalhou para ele por apenas três anos - e não cinco, como ela garante - e negou qualquer vínculo de trabalho. "Ela está tentando criar vínculo empregatício me exigindo R$ 400 mil na Justiça, só que não existe vínculo com dançarina, nem com a banda, todo mundo é autônomo. Já tivemos situações em que ela não pode ir trabalhar e colocamos outras no lugar. Ela está alegando que era contratada, que era fixa. Ninguém é fixo, quem determina quem vai ou deixa de ir é o coreógrafo. Ela alega isso para conseguir indenização por ter prestado serviço para mim nestes três anos", critica ele. Sem papas na língua, Latino não poupou críticas e ainda acusou a dançarina de ter mentido sobre o acidente. "Ela forjou um acidente na época que tinha quebrado uns dentes porque ela inventou que tinha sido convidada pelo Boninho para ir para o 'Big Brother Brasil'. Este foi um acidente que só ela viu porque ninguém da banda viu parada brusca, ninguém viu nada, só ela se machucou, só ela quebrou os três dentes, segundo ela. Um mês depois ela apareceu com os dentes novos para poder supostamente ir para o 'BBB'. Aí ela veio cobrar essa conta da gente, então fomos sondar para saber o que aconteceu, a banda não sabe o que aconteceu porque não teve acidente. Aliás, se tivesse um acidente ela teria que processar a empresa que fez o transporte, não a mim, eu não sou dono do ônibus", afirmou ele, antes de atacar: "É lamentável que o ser humano seja tão mal caráter assim a ponto de forjar um acidente para trocar os dentes e criar uma situação para ganhar uma indenização de R$ 400 mil (...) O ser humano é esquisto e a gente tem que lidar com isso." Ação trabalhista
Joyce, por sua vez, disse que na época registrou um boletim de ocorrência, fez exame de corpo de delito e passou por quatro peritos que assinaram laudos comprovando as lesões. "Ele disse que tentei dar um golpe, que eu inventei tudo isso porque tinha sido chamada pelo Boninho para entrar no 'Big Brother' sob a condição de antes consertar os meus dentes. Isso nunca aconteceu", afirmou. Foi por conta disso, segundo ela, que Joyce decidiu entrar na Justiça contra o artista. "Eu não tinha carteira assinada e nem contrato, muito menos plano odontológico ou de saúde. Então além do processo pedindo o valor do tratamento, que hoje com juros está em R$ 35 mil, estou com uma ação pelos meus direitos trabalhistas", explicou.
Joyce disse ainda que Latino costuma faltar às audiências e que só compareceu a esta porque senão o fizesse o resultado seria automaticamente a favor dela. "Não esperava isso de um cara que me chamava de irmã. Hoje ele me cumprimentou quando chegou porque deu de cara comigo ao sair do elevador, mas nunca mais me dirigiu a palavra desde o acidente. Nem com um cachorro se faz o que fizeram comigo", lamentou.
Ex-latinete rebate acusações: "Eu não era freelancer"
A bailarina rebateu as alegações de que teria levado uma amiga para depor e que seria apenas uma freelancer. "Ele diz que na audiência eu levei como testemunha uma amiga, que é minha assessora e mora comigo. Primeiro, ela foi sim minha assessora, mas não é mais há muito tempo e tem dois anos que não mantemos mais contato. Segundo, ela foi sim minha testemunha até mesmo porque foi ela quem me socorrou quando eles me deixaram 4h30 num posto de gasolina em Bonsucesso e não esperaram nem chegar a pessoa que ia me ajudar. Terceiro, ela compareceu hoje porque está registrada como testemunha no boletim de ocorrência, logo, existe uma intimação judicial que a obriga a comparecer, mesmo que ela não quisesse. Por fim, ela não mora comigo e, inclusive, eu não moro com ninguém", disparou.
Joyce também frisou que pode provar através de fotos que trabalhou para Latino sistematicamente durante cinco anos. "Ele fala que eu era freelancer e depois diz que eu trabalhei três anos? Eu não era freelancer. Ninguém presta serviço por tantos anos para ninguém. Ele entra muito em contradição. Se ele diz que eu não trabalhei para ele todos esses anos então eu posso mostrar fotos minhas nesse período todo me apresentando. Inclusive, fui coreógrafa dele também durante muito tempo. Se não quer arcar com seus erros pelo menos pare de me atacar. Está me acusando de fraude e isso é muito sério", afirmou.
Decisão só em novembro de 2017
Sobre as alegações de Latino de que os músicos da banda não teriam presenciado nenhum acidente, comentou: "Como a banda não viu? Dizem que não viram porque não podem falar sobre isso, senão serão mandados embora. A questão não é falar e, sim, provar os fatos. Eu tenho como provar, agora vamos ver se ele tem como provar que eu estaria forjando alguma coisa".
A próxima e última audiência do caso será no dia 8 de novembro de 2017, às 10h, quando a sentença será decretada.
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