Valesca, Anitta e público LGBT inspiram projeto artístico de fotógrafo

Depois de virar tema de dissertação de mestrado na UFF, Valesca serve de inspiração para o projeto artístico de um fotógrafo carioca. Também mestrando, na UFRJ, Rodrigo Viana está desenvolvendo o
“Projeto Carão”, motivado pela presença do público LGBT em shows de funk, em especial o funk pop. Anitta, Ludmilla e o papel que as “divas” desempenham nesse universo também servem de base para o trabalho, que tem como objetivo montar uma exposição de fotografias para circulação por museus e galerias, além de um site com o acervo fotográfico. – Existe uma presença LGBT muito grande nesse tipo de funk, o funk pop, com a presença da diva. Pela incorporação de elementos do pop, a própria montagem da coreografia, a estrutura dos shows, existe uma grande fidelidade do público LGBT. Essas divas arrebanham o público LGBT de alguma forma. – o fotógrafo explica ao POPline – Isso abriu caminho para que os LGBT reivindicassem seu espaço dentro da própria música. Acho que nenhum outro estilo musical brasileiro conseguiu incorporar elementos do linguajar LGBT tão bem quanto o funk. Trouxe o linguajar da rua para dentro da letra da música, transformou isso em coreografia, ou no próprio título da música, como é o caso da Valesca e “Sou Dessas”. Os próprios bailarinos dessas cantoras são gays, dão pinta mesmo, não se furtam a dar pinta.

Rodrigo Viana trabalhou como repórter fotográfico de uma rádio popular do Rio de Janeiro, e cobriu shows das divas cariocas entre 2014 e 2015. Esse material deu origem à série “Behind the Funk: Um Funk Carioca”, que são as fotos que ilustram essa matéria. A partir desse material inicial e de sua vivência em pequenos e grandes eventos (“com muita produção, com pouca produção, em pocket shows…”), ele chegou a uma conclusão: existe uma falta de representatividade do LGBT. Decidiu, então, produzir retratos que são performances do funk, com uma encenação debochada do ambiente do funk.
 – O mais curioso é que não há ainda um trabalho artístico que fale sobre a presença do LGBT no funk. Não há. Tenho descoberto trabalhos fabulosos de fotógrafos que se debruçam a conhecer o funk, mas há uma invisibilidade do LGBT, seja como for. Na arte, esses retratos, essa produção se faz necessária, uma vez que essas pessoas existem. Então, esse meu trabalho tem um papel ético também.

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