'Estamos sem luz e sem água', diz morador da Vila Cruzeiro Comunidade da Zona Norte é alvo da polícia desde quinta-feira (25). Light diz esperar regularizar situação no domingo (28).

Há dois dias, o técnico em refrigeração Alvernir Damião, de 31 anos, não dorme em casa. Nascido e criado na Favela Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, ele disse neste sábado (27) que tem pedido abrigo na casa de um parente em Olaria, na mesma região.
“Estamos sem luz e sem água”, contou ele nesta tarde. “Venho em casa de vez em quando para ver como estão as coisas e volto para Olaria. Tenho medo de dormir aqui”, completou ele, no portão de sua residência, que fica em um dois principais acessos à comunidade.
A Vila Cruzeiro, assim como o Conjunto de Favelas do Alemão, ali perto, tem sido alvo constante das operações da polícia do Rio, que, para prender traficantes, conta com a ajuda do Exército e da Marinha. Nos confrontos, transformadores foram destruídos, deixando parte da favela sem energia elétrica. Segundo Bianca Thomaka, coordenadora de operações da Light na área da Penha, a falta de luz prejudicou cerca de 9 mil pessoas.
Na tarde deste sábado, equipes da Light consertavam a fiação, trocavam cabos e postes. Trabalhavam enquanto a polícia patrulhava a favela e revistava moradores em carros. A coordenadora da Light informou que, até as 16h de sábado, 70% da luz já tinha voltado para moradores e comerciantes e a expectativa era regularizar todo o sistema no domingo. “A gente tem que dividir o espaço com o tanque (blindado da Marinha), com a polícia. Demora um pouco”, admitiu ela.
Damião contou que a falta de eletricidade faz com que muitas pessoas fiquem sem água. “Precisamos da luz para ligar a bomba da caixa d´água. Tudo o que eu tenho na geladeira está podre”, afirmou ele, que disse ter ficado sem energia desde quinta (25). Por meio de sua assessoria de imprensa, a Cedae, responsável pelo fornecimento de água, informou que não houve registros de problemas de abastecimento na Vila Cruzeiro.
A comerciante Eliana Rodrigues, 30, tem uma perfumaria na entrada da favela e estava com a loja vazia na tarde deste sábado. “É um prejuízo não ter luz porque os clientes não conseguem ver nada direito.” Ela também nasceu na Vila Cruzeiro e reclamou do transtorno com a falta de energia. “A gente depende da luz para ligar a bomba d´água e o banho tem que ser mais rápido. Tudo (comida) em casa estraga”, afirmou a moça.
Por volta de 17h, parte do comércio estava aberto e havia muita gente na rua. O helicóptero da Polícia Civil começou a dar voos rasantes sobre a favela e dois blindados subiram por uma das ruas que leva ao alto da comunidade. Fogos de artifício estouraram de um dos pontos da favela, mas, até as 18h30, não havia informação de tiroteio no local.


 

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